Trash movie: a arte de se fazer um bom filme ruim
É inegável que não é qualquer um que consegue fazer um bom filme, menos ainda um bom filme ruim. O quê? Bom filme ruim?! O contra-senso é apenas aparente. Existe, sim, em meio a uma infinidade de bons filmes (e filmes ruins) os bons filmes ruins, não constituindo estes uma categoria intermediária do tipo "hah, quase foi bom", mas remetendo à frases como "É tão feio que é engraçado" ou, melhor dizendo, "É tão ruim que é bom." Platonismos e Aristotelismos à parte, a associação íntima entre beleza e virtude vem sendo questionada há muito tempo e não apenas pelos, digamos, desprovidos de beleza socioculturalmente consagrada, mas por pessoas sensíveis o suficiente para perceber que, se não há propriamente "beleza" (compreendida nos termos da estética clássica) nas coisas não belas, subsiste, por outro lado, nessas mesmas coisas, uma doce e imensa liberdade de exercício do lado out da criatividade, sem recair num olhar camp eivado de arrogante comi...