A REALIDADE NUA E CRUA DE O ÚLTIMO PISTOLEIRO
Por Eduardo Silva
Os
grandes filmes nascem, muitas vezes, das grandes necessidades de exprimir ou
expressar algo que estava presente no dado momento de sua concepção. Um dos filmes no qual podemos ver isso com muita clareza é O Último Pistoleiro (The Shootist, EUA, 1975), dirigido pelo mestre Don Siegel e que marcou a despedida das telas do eterno cowboy
do cinema americano John Wayne, que era conhecido nos sets como Duke. Neste
filme o veterano ator de faroestes interpreta John Bernard Brooks, um velho
pistoleiro que, depois de uma longa vida marcada por vários assassinatos, decide volta para a sua cidade natal, sentindo muito mal, por causa de dores insuportáveis. Ao voltar à cidade, se consulta com
um medico (que é interpretado pelo ator James Stewart), o qual descobre que Brooks
tem um câncer em estado avançado e que por isso ele tem pouco tempo de vida.
Brooks a partir desse momento coloca em sua mente que a doença não será a causa
da sua morte. Por isso ele começa a se preparar para um último duelo onde
enfrentara pessoas que o querem matar para adquirir fama de terem matado o
maior pistoleiro do oeste americano.
O
filme se sustenta em um drama que se constrói a partir da fragilidade do
personagem de Wayne, que, por causa da doença, questiona certas ações
que fez em seu passado, o que traz a tona aspectos do filme clássico de
Faroeste americano. Com isso o filme se transforma em uma grande reflexão sobre
um gênero cinematográfico que tenta sobreviver em um mundo onde as coisas estão
em constante mudança e onde a maioria dos filmes da época não tinha o glamour
de outrora e sim uma critica contundente à realidade crua de uma sociedade
mergulhada em uma violência endêmica.
Na
verdade, o filme se torna um misto de homenagem e critica onde tudo que acontece
neste filme nos leva a ver uma realidade nua e crua que nunca foi mostrada com
muita clareza em filmes anteriores do gênero e, ao mesmo tempo, presenciamos o
fim de algo que era divertido de ver por transformar a violência em puro entretenimento.
E isso tudo protagonizado pelo ator ícone que simbolizava essa vertente de
filmes dessa velha Hollywood que estava com seus dias contados.
O
fim de filme decreta o fim da carreira de John Wayne e o fim de um modo
clássico de tratar esse gênero cinematográfico. Mas esse fim também mostra que
a partir dele aparece um novo começo, onde novas possibilidades podem ser
exploradas, para novamente da um norte para o filme de faroeste.
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