MOSTRA DE FEVEREIRO ABORDA O UNIVERSO ERÓTICO



Uma das temáticas mais instigantes do cinema, o erotismo será o destaque da mostra de fevereiro do Cineclube 24 Quadros. Buscando fazer um recorte dos filmes que se tornaram paradigma desse estilo, a mostra Entre Lençóis-Uma viagem pelo cinema erótico trará obras de diferentes nacionalidades que causaram bastante polêmica à época do seu lançamento e que até hoje fazem sucesso no mundo todo, fortalecendo o lugar-comum de que todo espectador é, na verdade, um grande voyeur

 Catherine Deneuve é a eterna Bela da Tarde, filme de Luis Buñuel que abrirá a mostra de fevereiro do Grupo 24 Quadros

Por Pierre Grangeiro


A grande pergunta que se faz é: Qual a diferença entre o erótico e o pornográfico? Bom, acredita-se que o único sentido da pornografia é a estimulação sexual e que está completamente desprovida de qualquer intenção artística ou científica. Ou seja, pretende apenas reproduzir explicitamente o sexo de forma concreta e hiper-realista.

Por outro lado, o erotismo é encarado como a procura do prazer pelo belo; sai dos limites da sexualidade centrada nos órgãos genitais e confere a essa sexualidade uma noção mais subjetiva. Inclui todas as emoções e tensões que poderão surgir vindos de canais aparentemente estranhos à esfera sexual como, por exemplo, um livro, um som, uma obra de arte... mais “pura e dura”, a pornografia é algo que estabelece limites, pois mostra o concreto. O erótico tende a estimular a curiosidade e o interesse ao mostrar apenas parte, deixando o resto à imaginação.

O mais interessante disso tudo é que tanto o pornô como o erótico sempre estiveram presentes no cinema, mesmo quando os tabus e a censura procuravam atacá-los das mais diversas formas. Tendo a sexualidade e o desejo como tema principal, o cinema erótico foi se consolidando ao longo do tempo como um gênero à parte, e nunca deixou de chocar sociedades essencialmente conservadoras como a norte-americana, que instituiu o Código Hayes como mecanismo de defesa contra esse tipo de cinematografia.   


Entretanto, alguns títulos dessa leva se tornaram indispensáveis e se tornaram verdadeiros clássicos. Basta citar os fabulosos   E Deus Criou a Mulher (Et Dieu Creá la Famme, FRA, 1956), que revelou ao mundo uma quase adolescente Brigitte Bardot, O Último Tango em Paris (L'Ultimo Tango a Parigi, ITA/FRA, 1972), onde temos uma das melhores interpretações do mítico Marlon Brando, além dos extraordinários Intinto Selvagem (dirigido pelo genial holandês Paul Verhoeven) e o surpreendente Lua de Fel (Bitter Moon, FRA, 1992), uma das muitas obras primas de Roman Polanski.  Isso para não falar nos recentes Azul é a Cor Mais Quente (La vie de Adele - Chapitres 1 et 2, FRA, 2013), ganhador do Festival de Cannes do ano passado  e Ninfomaníaca (Ninphomaniac, DIN, 2013), do sempre polêmico Lars Von Trier. Na maioria das vezes, o tema da obsessão sexual é o grande mote dessas obras, como é o caso do antológico Crash – Estranhos Prazeres (Crash, CAN, 1996) de David Cronenberg, em que o prazer sexual está diretamente associado aos acidentes de carros. E como não citar o inocente O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, EUA, 1956), uma das grandes comédias eróticas do cinema, em que um quarentão casado passa a desejar loucamente sua vizinha vivida por uma Marilyn Monroe no auge da beleza e da sensualidade.  

Na mostra promovida e realizada pelo Grupo 24 Quadros no mês de fevereiro, serão exibidas obras de diretores consagrados como os espanhóis Luís Buñuel e Pedro Almodóvar, que de certa forma sempre flertaram com esse tipo de cinema- fascinante excitante e visceral. 

Confira a programação:


07/02-A Bela da Tarde
14/02-O Império dos Sentidos
21/02- 9 1/2 Semanas de Amor
28/02-A Lei do Desejo

 
Todas as exibições ocorrem nas sextas-feiras, a partir das 18h30min, na Vila das Artes - Rua 24 de Maio, 1221, Centro. A entrada é franca. Haverá apresentação prévia à exibição de cada filme.
 

Comentários

  1. Pierre, muito bom o seu comentário. Você delineou bem a questão do "erótico" e o "pornô"; eu particularmente, estando diante de escolha entre os dois estilos, prefiro o primeiro; acho até que poderíamos rotular de erótico o pornô requintado.
    Com relação aos filmes citados, assisti a alguns e realmente são excelentes; esse "lua de fel" acho maravilhoso, tenho no meu estoque e já assisti várias vezes.
    No mais, parabéns pela amostra, parabéns pelo excelente trabalho de todos vocês que estão à frente desse projeto.
    Valeu...

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