LOUCA OBSESSÃO: A OBRA-PRIMA DE KING



Em texto assinado pelo cinéfilo, cineclubista e fã de Stephen King, um pouco mais sobre o filme que exibiremos nessa sexta, dentro da mostra Stephen King no Cinema, que ocorre durante todo o mês de agosto na Vila das Artes. Se a vida às vezes nos apavora com as loucuras dos fatos cotidianos e dos crimes mais absurdos, estes - a vida e as loucuras a que os homens podem chegar - podem consistir em excelente material artístico. Vide o caso de Louca Obsessão, sobre o qual nosso colaborador fala e falará ainda por muito tempo - adorador que é dessa pequena obra-prima adaptada diretamente da obra do mestre do horror na literatura


Kathy Bates, assustadora em Louca Obsessão, filme que exibiremos nessa sexta-feira, dia oito de agosto

Por Pierre Grangeiro

Considerado pela maioria dos fãs – e pela crítica especializada – como uma das melhores adaptações já feitas para o cinema de uma obra de Stephen King, o clássico Louca Obsessão (Misery, EUA, 1990) é um dos grandes filmes dos anos 90 e um exemplo de como um ótimo roteiro, aliado a uma direção competente e grandes atuações, pode transformar um pequeno thriller de suspense numa autêntica obra-prima. 

Parte do sucesso do filme deveu-se, acima de tudo, à conquista mais que merecida do Oscar por parte da atriz Kathy Bates, que criou uma das mais fascinantes psicopatas da história do cinema, a inesquecível enfermeira Annie Wilkes. Se seu nome sempre será lembrado nas antologias dos filmes de horror, isso advém do fato da personagem ter um carisma inigualável e por nos assustar com suas crueldades sobre o acidentado escritor Paul Sheldon (James Caan). 

A trama gira em torno de um acidente de carro envolvendo Paul, escritor consagrado que resolve matar, em seu último livro, Misery Chastain, sua mais famosa criação, seguindo um novo rumo em sua carreira. O problema é que ele fica imobilizado e será capturado por Annie Wilkes, uma fã desequilibrada que nutre uma obsessão por Misery. Quando ela descobre o destino que Sheldon pretende dar à Misery, submete-o às mais sádicas formas de tortura, incluindo uma chocante machadada para decepar seus pés. Para sobreviver, Paul terá que iludir Annie, mostrando-lhe que Misery renascerá num futuro romance, que passa a ser escrito durante seu martírio. O desfecho do drama é bastante violento, digno do melhor Stephen King. 

Um fato interessante no decorrer da película são os atores secundários. Um deles, o saudoso Richard Farnsworth, atua como um idoso chefe de polícia que investiga o desaparecimento de Paul. Suas aparições dão certa “leveza” ao filme, o que alivia um pouco as terríveis cenas vividas pelo protagonista. Outra participação mais que especial é a da atriz Lauren Bacall, uma das grandes estrelas de Hollywood dos anos 40 e 50, e ex-esposa do mítico Humphrey Bogart. 

A direção do filme ficou à cargo de Rob Reiner, que já havia adaptado outra grande obra de King para o cinema, o longa Conta Comigo, que acabou se transformando em cult movie dos anos 1980 e revelou para o mundo o jovem astro River Phoenix. 

O filme possui vários atributos e pode ser considerado, assim como o livro, uma tentativa de se analisar o lado negro da fama e as últimas consequências a que a paixão por uma obra ou por uma personalidade pode levar. Quando o assisti pela primeira vez, lembrei do assassinato do ícone pop John Lennon pelo maluco Mark Chapman, que se declarava fã do ex-Beattle. Outro aspecto relevante são as influências cinematográficas da obra. É quase impossível não ver semelhanças entre Paul Sheldon e os personagens interpretados por James Stewart nos filmes Um corpo que cai e Janela Indiscreta, ambos da lavra de Alfred Hitchcock. A própria Kathy Bates, em alguns momentos, lembra a atriz Beth Davies em O que terá acontecido com Baby Jane?, outro clássico absoluto do horror. 

Enfim, um filme para se ver e rever, principalmente para quem é fã de esupense, terror e, claro, Stephen

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