O ZAPATA DE BRANDO




 Preparado para encontrar Marlon Brando? Então saiba um pouco mais sobre o primeiro filmes da nossa mostra, Eternamente Brando, Viva Zapata, em texto assinado por Eduardo Silva, para o blog do Grupo 24 Quadros. Enjoy it e não esqueça de comparecer à nossa primeira sessão, nessa quinta-feira, dia 3 de julho de 2014, na Vila das Artes



 Marlon Brando como o revolucionário que convulsionou o cenário político mexicano no início do século XX
 
Por Eduardo Silva

Em 1952, estreava, em diversas salas de cinemas dos Estados Unidos, Viva Zapata (idem, EUA, 1952), o terceiro filme protagonizado pelo jovem Marlon Brando e o segundo da parceria entre o ator e o diretor Elia Kazan. O filme tinha o roteiro assinado pelo grande John Steinbeck, que escrevera o livro homônimo.
O revolucionário mexicano Emiliano Zapata foi vivido por Brando, e seu irmão, Eufemio foi pelo brilhante Anthony Quinn. O enredo do longa gira em torno de um relato ficcional sobre a vida de Zapata, mostrando sua ascensão de jovem e ingênuo camponês até sua transformação em um dos mais audaciosos e perspicazes ativistas da história moderna do México. Para que as personagens apresentadas fossem parecidas com as originais, foram realizadas diversas pesquisas iconográficas de Zapata e de outros  revolucionários mexicanos que participaram da luta armada, entre 1900 e 1919, com o objetivo de retirar do poder o ditador mexicano Porfírio Diaz.  Kazan também extraiu das fotografias o estilo visual que os cenários e locações teriam. Posteriormente, o diretor declarou que se foi muito influenciado pela estética neorrealista do filme italiano Paisà (Idem, Italia/1946) de Roberto Rosselini, para compor Viva Zapata.

Mais do que o retrato de um revolucionário, Viva Zapata pode ser visto especialmente como um filme de grandes atuações

As gravações ocorreram em diferentes partes dos Estados Unidos e do exterior: Durango, Colorado, Roma, Novo México etc., tudo com o fito de reproduzir, o mais fielmente possível, a paisagem árida e inóspita do México do começo do século passado. Por outro lado, não obstante a preocupação com o aspecto visual, o roteiro peca um pouco por romantizar Zapata, retratando-o como um líder incorruptível, algo que de fato ele não deve ter sido, cuja motivação para a luta armada seria o sentimento de justiça para com os camponeses, cujas terras tinham sido roubadas por Porfírio Díaz. Na verdade, Steinbeck elaborou um roteiro que procura problematizar os males que o poder político e militar podem fazer ao corromper o homem comum. Dessa forma, Zapata é visto como um herói que veio acabar com os homens que deixaram se corromper pelo poder, restaurando assim a democracia no México.
À época do seu lançamento, o filme recebeu críticas favoráveis por parte da imprensa especializada e conquistou um Oscar de melhor ator coadjuvante para Anthony Quinn. Em Cannes, rendeu uma Palma de Ouro de melhor ator a Marlon Brando, concorrendo também na categoria Melhor Filme.
Com o passar do tempo viva Zapata, se tornou o que poderíamos chamar de filme de grandes interpretações e não um documento histórico sobre a trajetória da vida do revolucionário Emiliano Zapata.




 








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