EU (DES) INDICO

A partir de hoje o blog do Grupo 24 quadros inaugura sua nova coluna, dedicada a desindicar (sic) filmes que podem lhe matar de raiva ou de tédio. Pensando na longevidade dos frequentadores de cinema e na saudável crítica ao que se chama (pretensiosamente) de "filme de arte", nosso colaborador, Eduardo Pereira, apresentará algumas das produções mais, digamos, "esquecíveis" da cinematografia mundial e já começa com a prata da casa, Glauber Rocha, e seu incensado Deus  e o Diabo na Terra do Sol


Por Eduardo Pereira

Em 1964, estreava, em alguns cinemas brasileiros, Deus e o Diabo na Terra do sol, dirigido por Glauber Rocha – que se autodenominava cineasta – e que teve um desempenho pífio nas bilheterias. Esse filme entrou para os anais da (des) indicação por sua pretensão e falta de sentido. O tema da película é o cangaço, por assim dizer, utilizando a figura do lendário Corisco (1907-1940), o “Diabo louro”, que fez parte do bando de Lampião, em um filme onde o roteiro foi construído com retalhos de pseudopensamentos metafórico/sociais do Sr. Glauber Rocha, isto é, ele inventou com isso uma desculpa para justificar um filme que começa e termina no mesmo ponto: lugar nenhum. Glauber fez isso costurando sequencias desconexas onde não existe a tentativa de se construir uma narrativa, mas de confundir a cabeça do espectador, que sai atordoado ao receber uma mensagem que não existe e sim um amontoado de imagens, sons e diálogos soltos.

Deus e o Diabo na Terra do Sol é o tipo de filme que não quer dialogar com o público, mas tornar-se algo fechado na mente de quem o concebeu. Por esse motivo é que os títulos de filme chato e sem sentido são mais que merecidos para esse trabalho medíocre. Ao longo do tempo, o filme de Glauber conquistou o status de grande obra cinematográfica, graças à textos escritos por pessoas ligadas direta ou indiretamente ao diretor, os quais exaltam e procuram explicar o sentido dessa obra "única", pertencente a um movimento de amiguinhos chamado Cinema Novo - que na verdade é o movimento do cinema ruim. Falsas sinopses como "O cangaceiro Manuel e sua mulher Rosa são obrigados a viajar pelo sertão, após ele ter matado o patrão. Em sua jornada, eles acabam cruzando com um Deus negro, um diabo louro e um temível homem", dão a falsa impressão de que haverá uma narrativa, uma lógica. Ledo engano. Realmente, é possível identificar as personagens, mas não a história, simplesmente por não haver estória nenhuma. 

Frequentemente, isso que chamam de filme é exibido em festivais e cineclubes por todo o Brasil, e quase sempre seu público é formado majoritariamente por pessoas lubridiadas pela conversa de falsos intelectuais que criaram um discurso apologético em torno da filmografia de um cineasta de mentirinha chamado Glauber Rocha, cuja carreira se baseia em discursos inflamados, cheios de filosofia social rasteira, feita para ser ouvida pelos seus amiguinhos que nunca passaram fome e sempre fizeram e fazem parte da nossa elite hipócrita que tentou (com sucesso) também elitizar o cinema.

Filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol apenas mostram a desonestidade de certas pessoas e do próprio diretor em relação ao público, ao tentarem argumentar que erros técnicos e artísticos seriam elementos de uma "nova" estética, diferente daquela encontrada nas cinematografias de caráter mais convencional - sobretudo nos Estados Unidos. Justificar erros é coisa de quem não sabe e nem tem vontade de aprender a fazer cinema.



Comentários

  1. E o incrível é que esse sujeito faz escola no Brasil. É absolutamente estarrecedor como por aqui se valoriza a didática do erro e da sofisticação do mesmo. Como já dizia Guilherme Arantes: "Coisas do Brasil..."

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