MOSTRA DE SETEMBRO DEDICADA AO CINEMA NOIR.


Um dos estilos mais famosos e mais influentes da história do cinema, o noir será o grande homenageado da mostra realizada pelo cineclube 24 quadros no mês de setembro.

Considerado por muitos o mais americano dos gêneros cinematográficos, ao lado do faroeste, o noir teve o seu auge nos anos 40 e 50. Criado por novos cineastas de talento surgidos na América e pela leva de diretores estrangeiros que migraram para os EUA durante a Segunda Guerra Mundial, essa forma de fazer cinema é descendente direta do expressionismo alemão e da literatura policial americana dos anos 30, que revelou ao mundo grandes escritores como Dashiel Hammet e Raymond Chandler. O primeiro grande sucesso do novo estilo veio em 1941, com o clássico O falcão Maltês (Maltese Falcon, EUA, 1941), dirigido pelo então jovem John Huston (1906-1987)

Usando constantemente um tipo de fotografia que ressaltava o contraste entre o claro e o escuro e se utilizava de sombras, o Noir tem no seu enredo clássico um tipo de drama policial elegante e realista, onde a maioria das pessoas são suspeitas de um determinado crime e o herói geralmente é uma presa fácil nas mãos dos bandidos e de uma mulher fatal (geralmente loira). Em um mundo dominado por aparências, o herói noir geralmente é cínico e tem dificuldades enormes de lidar com o sexo oposto. Só  à custa de muito sacrifício é que ele consegue solucionar a trama, gerando um clima de suspense até o fim da película.

Apesar do seu apogeu anterior, o estilo noir nunca deixou de existir e é uma referência fundamental até os dias de hoje. É impossível assistirmos a grandes obras como Blade Runner: o caçador de andróides (Blade Runner, EUA, 1987), Veludo Azul (Blue velvet, 1986) Chinatown (Idem, EUA, 1978) e Corpos Ardentes (Body heat, EUA, 1981) sem perceber essa influência avassaladora. Assim como também é difícil entendermos o cinema de diretores icônicos como Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Robert Altman e Jim Jarmusch sem passar pelo noir. Enfim, um gênero que vai se reinventando a cada geração.

Alguns títulos do noir são fundamentais e merecem ser apreciados por todo cinéfilo que se preze. Entre estes estão Laura (Idem, EUA, 1944) de Otto Preminger; Fuga do Passado (Out of the past, EUA, 1947), de Jacques Tourneur; Curva do Destino (Detour, EUA, 1945), de Edgar G. Ulmer e A Marca da Maldade (Touch of evil, EUA, 1958), uma obra-prima do genial Orson Welles, que para muitos é o testamento do noir e o canto de cisne dessa era de ouro do cinema americano.

Para a mostra Sombras da Noite: O Estilo Noir foram escolhidos quatro filmes. O primeiro é o cultuado Pacto de Sangue (Double indemity, EUA, 1944), de Billy Wilder, que muitos críticos de cinema consideram o filme mais importante do Noir e àquele onde temos a presença estonteante da maravilhosa Barbara Stanwyck, como a mais emblemática das mulheres fatais. Em seguida o clássico filme de Carol Reed, O Terceiro Homem (The third man, EUA, 1949), um dos maiores suspenses da sétima arte, que legou ao mundo Harry Lime (um dos maiores e mais charmosos vilões da telona). No terceiro dia será a vez de Cliente Morto Não Paga, (Dead man don't wear plaid, EUA, 1982) uma das grandes comédias dos anos 80 que presta tributo ao gênero, com uma montagem primorosa colando personagens da era de ouro do noir com os atores reais do filme. E para fechar A Dama do Cine Shangai (Idem, BRA, 1987), outra grande celebração ao noir, dessa vez feita pelo cinema brasileiro, em um filme que ganhou diversos prêmios em festivais e foi dirigido pelo cineasta da “boca do lixo” Guilherme de Almeida Prado.

Pierre Grangeiro.

PROGRAMAÇÃO:

06/09-Pacto de Sangue
13/09-O Terceiro Homem
20/09-Cliente Morto Não Paga
27/09-A Dama do Cine Shangai


Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Caro Pierre,
    Essa mostra está imperdível; aliás vocês têm nos presenteado com excelentes filmes; tenho o maior em participar desse trabalho de vocês.
    Valeu...

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