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Sobre o mês das mulheres no Cineclube 24 Quadros

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Para além da visão romântica consagrada pelo machismo, a mulher convive, no seu dia a dia, com a discriminação salarial, a dupla jornada de trabalho, a ausência de companheiros covardes, dentre tantos problemas que marcam a situação social do "sexo frágil" em diversos países, mormente naqueles onde a fragilidade das instituições democráticas e o conservadorismo reforçam o domínio masculino.  No campo da sétima arte, no qual o glamour  por vezes ofusca as questões sociais, esta não é uma realidade mui diferente. Além da discriminação salarial, atrizes e outras profissionais da sétima arte lançaram luzes, mais recentemente, sobre um problema que, sabíamos todos, existia na indústria do cinema, mas que ainda não havia sido denunciado com tamanha virulência: o assédio sexual, crime que destruiu carreiras tanto de atrizes promissoras, como Mira Sorvino, como de produtores poderosos, como Harvey Weinstein. É possível que toda a celeuma levantada por poderosas atrizes h

UM DRINK NO INFERNO: CLÁSSICO DO TRASH MODERNO

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Abrindo a mostra O Cinema Pop de Robert Rodriguez, o cineclube 24 Quadros orgulhosamente exibe, nessa sexta-feira, o impagável Um Drink no Inferno , do realizador estadunidense Robert Rodriguez. Pierre Grangeiro aborda um pouco sobre esse clássico do trash moderno no texto a seguir Dupla de titãs: Robert Rodriguez e Quentin Tarantino. Imagem: reprodução Por Pierre Grangeiro Ícone absoluto da cultura pop dos anos 1990, Um Drink no Inferno ( From Dusk till Down , EUA, 1996) celebra a parceria de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, dois cineastas independentes que surgiram praticamente na mesma época e criaram um estilo de filmar único. Suas obras são cheio de referências a outros grandes diretores, com um elenco de peso, uma trilha sonora envolvente, roteiros inteligentes e um frescor na direção invejável, que fizeram com que fossem cultuados nos quatros cantos do planeta. Só para ter uma ideia desse sucesso, o filme gerou duas continuações (bem inferiores) e deu origem

DESCORTINANDO MISS DAISY

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Uma obra à parte na filmografia sobre o racismo nos Estados Unidos, Conduzindo Miss Daisy  será exibido nessa sexta-feira, dia 28 de novembro, no auditório da Vila das Artes. Se você ainda não assistiu a esse filme, e muito menos ouviu falar de Jéssica Tandy, não se desespere: nosso Eduardo Pereira, um dos maiores cinéfilos desses brasis, desvendará todos os segredos dessa pequena pérola lançada há quase trinta anos   Morgan Freeman, Jássica Tandy e Dan Aykroyd: estória de racismo velado, eivado de cordialidade do sul estadunidense é o mote de Conduzindo Miss Daisy Por Eduardo Pereira A primeira vez que assisti ao filme Conduzindo Miss Daisy ( Driving Miss Daisy , EUA, 1989), tive a impressão que via um filme que se constrói pelas lindas e tocantes atuações do casal de idosos  representado por Jéssica Tandy (oitenta anos, à época) e Morgan Freeman - apenas 52 anos em 1989, mas envelhecido por sofisticada maquiagem artística. Assistindo-o novamente, pouco tempo atrás, minha

GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE: QUANTO MAIS TEATRAL MELHOR? MESMO?

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Celebrado filme da dupla Elizabeth Taylor e Paul Newman será exibido nessa sexta-feira no cineclube 24 Quadros, dentro da mostra O Teatro vai ao Cinema, em cartaz durante todo o mês de novembro. Em texto assinado por Gabriel Petter, um pouco de análise sobre um filme complexo, que ora beira ao cinema, ora ao teatro, parecendo não se decidir por nenhum dos dois Paul Newman e Elizabeth Taylor em Gata em Teto de Zinco Quente : fiéis ao script Por Gabriel Petter Sinto certa perturbação quando assisto a filmes como Gata em Teto de Zinco Quente ( A Cat on a Tin Hot Roof , EUA, 1958 ), algo comum à experiência de assistir àqueles espetáculos teatrais avant-garde  repletos de parafernálias audiovisuais.   No segundo caso, uma das expressões artísticas mais antigas da humanidade parece se ressentir da falta de alguma "modernidade", procurando desesperadamente se atualizar - como se apenas novas tecnologias pudessem informar  sobre o moderno; no primeiro, o problema

Robocop: quando o presente ainda não era distópico

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  Assistir a Robocop é sempre uma experiência excitante. Nessa sexta teremos o prazer de apresentar ao público essa obra-prima do sci-fi moderno, atualíssima nestes tempos de Brasil com várias cidades entre as mais violentas do mundo. Duvida?Então leia o texto a seguir, compartilhe-o e assista ao filme no conforto de um auditório e em tela grande, na Vila das Artes Robocop (1987): obra-prima do sci-fi moderno, será exibido nessa sexta, no cineclube do Grupo 24 Quadros "You have the right to remain silent. Anything you say can be used against you". Por Gabriel Petter  Robocop (EUA, 1987) foi um dos filmes da minha vida. Não tive o prazer de assisti-lo no cinema, mas numa modesta cópia em fita VHS, no videocassete de uma tia materna, em cuja casa às vezes eu passava finais de semana ou parte dos recessos escolares. Naquela época (primeira metade dos anos 1990), Fortaleza ainda era uma cidade onde o imaginário da violência armada se restringia a alguns bairros

Conta Comigo: um filme com mais de nostalgia e menos de anos 80

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Um filme à parte no contexto do Blockbuster Fever da década de 1980, Conta Comigo será orgulhosamente exibido nessa sexta-feira, dia 16 de outubro, dentro da nossa mostra dedicada aos clássicos de um dos melhores períodos para o cinema comercial de todos os tempos. Em texto assinado por Luca Salri, o leitor pode compartilhar um pouco da fascinação que tornou este filme, para quem o assistiu, numa das raras experiências que só a sétima arte pode oferecer A turma no set de filmagem: fazendo um filme à parte em meio à onda dos arrasa-quarteirão “♪ E se a gente se falar/contar as coisas que viveu/ O que esperamos do amanhã/será que pode acontecer?♫” (“River Phoenix –canção para um jovem ator” Milton Nascimento) Por Luca Salri     Nos anos 80, o cinema de Hollywood consolidava os chamados blockbusters - fenômeno iniciado na década anterior por Steven Spielberg e George Lucas. Os filmes “arrasa-quarteirão” eram lançados no verão americano e tinham forte marketing p