UM CLÁSSICO ABSOLUTO DE PECKINPAH


Um dos maiores filmes da história do cinema, Meu Ódio Será sua Herança será exibido nessa sexta-feira, dia 19 de setembro, na Vila das Artes, dentro da mostra dedicada ao mestre estadunidense Sam Peckinpah. Em texto assinado por Eduardo Pereira, um pouco desse clássico do Western que deu fôlego extra ao gênero yankee por excelência. A mostra segue até o final de setembro

Vestidos para matar: o bando criminoso que nos delicia em Meu Ódio Será sua Herança

Por Eduardo Pereira

Quando a produção do filme Meu Ódio Será sua Herança (Wild Brunch, EUA, 1969) começou, Sam Peckinpah tinha 43 anos de idade e três películas no currículo. Nesse filme, especificamente, ele teve a possibilidade de fazer seu trabalho como desejava, algo que não conseguira em obras anteriores. O roteiro foi centrado numa veterana quadrilha que se envolve na sangrenta Revolução Mexicana e que pertenceu ao mítico bando dos Daltons, até hoje citados em inúmeros livros, filmes e histórias em quadrinhos. Além de Sam, os veteranos Walon Green e Roy N. Sickner assinam o texto. 

Diferente de outros filmes do gênero, Meu Ódio Será sua Herança apresenta a decadência moral e ética do cowboy, um dos símbolos da identidade estadunidense. Clássico desde seu lançamento, o filme passou à história do cinema pela estetização da violência, com várias sequências sangrentas em slow motion. O elenco principal é um show à parte, sobretudo o trio William Holden, Ernest Borginine e Robert Ryan, atores com longa experiência no mundo do cinema. 

Situado no início do século XX, o filme mostra uma fracassada tentativa assalto a um escritório da empresa controladora da estrada de ferro, perpetrado pela quadrilha encabeçada por Pike Bishop (William Holden) e impedido por um grupo de mercenários liderada por Derke Thorton (Robert Ryan), ex-amigo de Pike. Confusão armada, instala-se a tensão na alma dos personagens, que desencadeiam um pesado tiroteio, com abundância de planos fechados e câmeras lentas.

A partir desse incidente, inicia-se uma intrincada e violenta perseguição, bem ao estilo dos clássicos do Western, até a cidade mexicana de Água Verde, onde a antiga parceria entre Pike e Deke é momentaneamente restabelecida pela necessidade de derrotar um inimigo comum. Na sequência final, marcada por intenso tiroteio, o surgimento de uma poderosa metralhadora simboliza não apenas a atualização da violência naquele rincão dos EUA como o fim do mundo dos cowboys tal como este nos fora apresentado 

O filme foi um grande sucesso, especialmente por trazer uma nova abordagem ao western clássico, com tomadas ágeis e um roteiro inteligente feito em função da estória e não como exercício auto-elogiativo. E, por fim, a edificação do mito do Poeta da Violência, que pertenceu - e sempre pertencerá - ao arredio Peckinpah.

Confira o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=4Vea6c2svYs

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